quarta-feira, 19 de abril de 2017

EXPRESSIVISMO

O expressivismo nasce como uma reação e um protesto contra o naturalismo sob a forma de um mal estar provocado  pela razão instrumental e atomismo gerado pela própria institucionalização do ideal de auto-responsabilidade. Dignidade e autenticidade são portanto princípios que lutam por legitimidade  política enquanto faces opostas da mesma moeda naquele processo lento e secular que faz da busca pela interioridade o fundamento da própria singularidade do Ocidente. A gênese  dessa fonte alternativa de autoridade moral está primeiro em Montaigne e depois em Rousseau. Montaigne é visto como o primeiro de toda uma tradição que, precisamente contra a tendência da tradição do SELF DESPRENDIDO capaz de se moldar segundo uma lógica generalizável , irá procurar ressaltar a ORIGINALIDADE de cada pessoa. Trata-se portanto de privilegiar uma atenção voltada radicalmente à PRIMEIRA PESSOA , para a qual a ''ciência '', por ser generalizadora, tem pouco a contribuir.  A noção de profundidade do SELF é que muda. LOnge de ser auto-transparente como na versão instrumental, ele é um mistério para cada um de nós. Rousseau leva o subjetivismo da compreensão moral moderna um passo à frente ao definir ''a voz interior de meus próprios sentimentos'' como a instância definidora do BEM . Daqui por diante a questão passa a ser se o BEM depende apenas ou principalmente da razão ou dos nossos sentimentos também.Os dois caminhos são internos, fato  que só faz aumentar a competição de ambos na luta pela legitimidade moral na medida em que a fonte da moralidade é a mesma. Nesse sentido , as profundezas do SELF deixam de ser sinônimo de erro e engano. Descobrimos o que é certo experienciando nossos sentimentos morais.O que há de revolucionário no EXPRESSIVISMO é a idéia de uma individuação mais completa e original. Cada indivíduo é único e deve viver de acordo com essa unicidade. A novidade não está na constatação de que os indivíduos são diferentes ----- o NOVO é a percepção de que estas diferenças não são simples variações sobre um mesmo tema e que elas implicam no dever e na obrigação evolutiva de viver-se de acordo com esta originalidade.

K.M.

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