O que é para nós o mundo ?? Não é com certeza um conceito científico abstrato ----- meu critério na verdade sempre foi o de encontrar primeiramente os objetos para meu pensamento no correr de cada um de meus dias. E no ''cotidiano'', meu mundo é minha atividade (no caso a intelectual ) , assim como minhas obrigações e os utensílios que me prestam serviço nas horas mais ativas, bem como meus hábitos e vícios. Muitas das distinções clássicas da filosofia desaparecem no mundo tal como eu o encaro. Nunca me interessou separar meu pensamento das coisas do ''mundo real ''. Na verdade, meus pensamentos (assim como os seus ) só funcionam ''dentro '' de nossos respectivos mundos ----- um dos maiores problemas da filosofia cla´ssica era distinguir a ''imagem mental '' do ''objeto concreto ''. Outra caracteristica do meu mundo é sua proximidade com o mundo de Martin Heidegger e o ''Dasein ''. O mundo tem minha pessoa como referência, e é minha pessoa que lhe dá sentido. Isto significa : para todo objeto , para todo acontecimento existente em meu mundo, o simples fato dele ACONTECER em meu mundo lhe oferece uma característica de ''SER DISPONÍVEL '' , ''SER QUE ESTÁ À MÃO PARA ... '' . Porque se o mundo de Heidegger tbm era o mesmo mundo onde agora me mexo todos os dias, tudo que dentro dele houver aparecerá necessariamente a mim através de sua FUNÇÃO ou UTILIDADE. Quando afirmamos que este mundo é essencialmente ''próximo '' ao Dasein , que sua característica é DES-DISTANCIAR as coisas frente a nós, estamos simplesmente reafirmando esse caráter de DISPONIBILIDADE dos entes que aparecem no mundo de Heidegger. É preciso evitar toda e qualquer idéia de ''RELAÇÃO ESPACIAL ' QUanto à esse conceito de PROXIMIDADE. O que Heidegger diz é bastante claro :se tenho capacidade de reconhecer alguma coisa, é porque essa coisa exerce alguma função para mim .A idéia de ALCANCE implica nessa concepção do PRÓXIMO se aplica mesmo às distâncias espaciais no sentido vulgar : acasa no fim do caminho pode estar ''espacialmente '' longe de nós, mas desde que sabemos onde ela se encontra, ela está DISPONÍVEL PARA ... , eventualmente , nós a ela chegarmos. A análise de Heidegger é bem sensata, e sua sensatez esconde alguma coisa de muito sério. Dúvida que pode ser formulada da seguinte maneira :se o mundo é, verdadeiramente, pelo modo como o qual Heidegger o descreve, então porque nos mantivemos tanto tempo presos às concepções correntes ???Responder a uma tal objeção não é fácil, desde que uma resposta conteria implicitamente todo o mecanismo de criação que levou Heidegger a elaborar suas idéias. Mas uma satisfação parcial pode ser oferecida, através da análise da DESCOBERTA DO MUNDO. Segundo Heidegger, a FALTA DE ALGUMA COISA DISPONÍVEL CUJA COTIDIANA PRESENÇA À NOSSA FRENTE ERA POR SI SÓ TÃO COMPREENSÍVEL QUE NEM NOS DÁVAMOS CONTA DESSA ALGUMA COISA, é uma ''ruptura das redes de referência descobertas pelo nosso olhar em torno. Este tropeça com o vazio, e vê agora pela primeira vez PARA QUÊ e COM QUE ''estava disponível '' o que agora ''falta ''. E de novo se anuncia o mundo circundante. O que assim aparece não é um ''ente disponível '', nem muito menos algo ''diante dos olhos '' dentro do qual arranje sentido o utensílio disponível. O que aparece está no ''aí'' antes de toda e qualquer constatação. O que aparece é mesmo inacessível ao olhar à volta, desde que esse se dirige sempre para os entes, mas já está, em cada caso, ABERTO PARA O OLHAR EM VOLTA. Heidegger está mostrando aqui ocmo, para percebermos a estruturação sob a forma de uma rede de utensílios do nosso mundo cotidiano , é preciso que essa rede sofra um rompimento. Tomamos conhecimento do mundo quando ele se rompe na sua estrutura. SE por acaso preciso pregar um quadro na parede, e se o martelo sumiu do lugar, tentarei imediatamente arranjar alguma coisa que o substitua. Isto é, observo os entes à minha volta à procura de algum capaz de preencher o PARA QUE e o COM QUE do martelo , talvez algum peso que me sirva para afundar o prego na parede. A estrutura do mundo se revela para nós através de seu rompimento. Mas não se fica só nisso ; a continuação de Heidegger é a primeira vista enigmática.Alguma coisa se ''mostrou''com esse rompimento das ''redes de uso ''. Digamos que o martelo não se tenha perdido, mas sim quebrado em nossas mãos. O martelo era alguma coisa disponível para exercer certa função, e nesta função estava seu sentido. Subitamente, o cabo se quebra, e nenhum dos pedaços que ficam na mão pode pregar o prego que eu desejava.E do martelo, da coisa definida que eu tinha, reduzo-me a ter nas mãos a matéria bruta, sem finalidade ou destino . O que aparece é o NÃO FUNDAMENTO da REDE DE UTENSÍLIOS. O sentido, o valor d e uso existia dentro da rede; fora dela, existe a interrogação que fazemos : ------ PORQUE ESSA MATÉRIA BRUTA ??? , PARA QUE ISSO, QUE AGORA NÃO TEM MAIS NENHUMA FUNÇÃO???? ,NENHUM SIGNIFICADO ???? ----, o que é muito importante, nesse momento, é compreendermos de que modo a pergunta é feita. Ela não é feita abstratamente, dentro de uma confortável distanciamento frente às coisas. Ela não precisa sequer ser formulada em palavras. NÓS SENTIMOS , a pergunta, que que nós a VIVEMOS, durante um ou dois segundos, em nossa totalidade, a pergunta.Heidegger explica essa vivência da pergunta (que é sucedida imediatamente por uma volta à normalidade) através de um conceito o qual nos referimos antes, e cuja integral extensão poderemos explorar agora. É o SENTIMENTO DA SITUAÇÃO. Pelo menos essa é a tradução mais compreensível que conheço para palavra usada por Heidegger : BEFINDLICHKEIT ----- sentir-se, mas o jogo de palavras não para aqui. Verbo derivado de um outro, FINDEN ----- achar. Quando a estrutura do complexo instrumento se rompe a minha frente, eu me ACHO DIANTE DO MUNDO, eu me LOCALIZO. E o ME não é apenas um reflexo aqui ; este pronome está indicando MEU SER REVELADO EM SUA SITUAÇÃO FUNDAMENTAL, como ATIRADO DENTRO DE UM MUNDO QUE MOMENTANEAMENTE PERDEU SEU SENTIDO. Justificamos por AQUI a SITUAÇÃO do SENTIMENTO DE SITUAÇÃO. O sentimento está indicando nosso modo de perguntar, ''basicamente em termos emocionais''. Mas como ??? , pois se nos habituamos a compreender as emoções como ''modos inferiores de nosso comportamento, opondo-se à razão considerada como modo ''superior ''???
K.M.
Na minha troca de pele há sempre um ímpeto faminto sobre uma trilha sinuosa; agachado e escondido entre os espinhos, lambendo os dedinhos várias vezes, pois minha felicidade adora gracejar : deixo muita coisa cair e rolar, por isso me consideram desdenhador. Afiado e suave, rude e refinado, conhecido e estranho , sujo e limpo , convidando a amada leitora a colocar-se do lado do Louco e escrevendo na linguagem direta do ''degelo '' : com atrevimento, inquietação, contradição , tempo de primavera, e assim permitindo à gratidão fluir continuamente, como se o mais imprevisível tivesse acabado de acontecer ---- um espírito que resistiu com muita paciência a uma pressão terrivelmente prolongada e adquiriu poderes mágicos de contágio ; mas de uma forma paciente, rigorosa, fria, sem atender aos abatimentos colaterais, e tbm sem esperança, ainda que tomado pela fortaleza crítica sobrenatural do nirvana ---- esbanjando-se com maliciosa delicadeza em problemas que possuem uma pele cheia de espinhos e não estão acostumados a serem afagados nem tratados bem ... Mas quem sabe o tipo de linguagem que eu procuro ??? , Que monstro de substância paródica, incipt parodia , sem temor ... incipt paródia, sem dúvida... algo nem grave nem malévolo, que se anuncia.
ResponderExcluirK.M.