quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Além da Yoga
por Luís A. W. Salvi (LAWS)
www.agartha.com.br
É certo que não podemos pretender colher sem haver antes semeado. De todo modo, estamos chegando a um novo momento da evolução, quando uma farta colheita de luz será possível, coisa esta que pode estimular muitos a realizarem a sua própria semeadura com segurança de causa, na certeza de colher no prazo mais curto possível. Afinal, quanto mais avança a evolução, mais sumárias se tornam as etapas anteriores, especialmente porque a sua realização se demonstra segura e consumada em certas esferas.
A meditação mística, esta técnica espiritual comumente considerada a mais avançada que existe –no plano da evolução humana, com certeza-, tem sido chamada por nós de “ioga do plano mental”. Ora, a esfera mental é aquele plano de trabalhos da raça árya, cujo ciclo encerra em 2012 segundo os antigos maias-nahuas. Com isto, estamos na segurança de poder tratar das coisas da mente com pleno conhecimento de causa.
Aquilo que existe “além da meditação”, pertence já ao foro da iluminação e do plano búdico. Representa assim uma condição de consumação, por isto está relacionado aos objetivos últimos da evolução humana e integra todas as metas proféticas. A condição humana é quaternária (a Humanidade é o quarto Reino da Natureza), de modo que apenas na quarta iniciação as suas metas evolutivas são atingidas, através da fixação da Consciência. Tal coisa envolve os Mistérios do Coração, que é o quarto centro de evolução, através da iluminação plena mediante a ascensão da Kundalini, a força da Shakty (a gloriosa Shekinah de Iahweh) ou a síntese da energia feminina de criação, diretamente relacionado ao puro Amor, essência que é da Consciência.
A expressão “trismegisto” já indica que os mistérios mentais são trinos ou fundados em três partes, afinal, se trata do terceiro plano de evolução (tal como a raça árya é o terceiro ciclo humano). Aparentemente, este tipo de divisão acompanha todos os planos, fazendo das suas estruturas uma analogia do seu todo evolutivo. No caso do plano búdico, podemos citar quatro conquistas, através da Eternificação da consciência, o Poder curador, a Alma-gêmea e a Bem-aventurança. A Alma-gêmea fornece poderosa motivação para vencer as provas e o Poder curador sara as feridas que elas podem acarretar, ao passo que a Bem-aventurança conforta e plenifica a alma, também segura de alcançar a sua Eternificação. Naturalmente, nisto tudo entra o amadurecimento da compaixão do iniciado, que luta igualmente em nome de todos para sobreviver e trazer ao mundo uma nova luz.
Também podemos dividir a mente em três esferas, a saber: concreta, abstrata e criativa. Esta última já se confunde de certa foma com o plano búdico seguinte, ou intuitivo. Tudo pode ser “criativo” na vida, contudo, esta fase final da mente apenas pode ser realmente conhecida através do exercício de meditação interna dinâmica. Modo geral, dividimos a prática meditativa em duas etapas, mais afeitas à divisão teosófica deste plano portanto, ou seja: uma etapa passiva de tranquilização e concentração, e depois outra etapa dinâmica de expansão e criação. Na primeira etapa, podemos fazer uso da respiração, assim como da abstração das idéias. Na última, vale usar a imaginação, técnica relacionada ao processo criador ou multiplicador de energias, especialmente quando voltado para as coisas sutis. Aqui temos, pois, um “roteiro” sumário da meditação completa. O tema está relacionado sobretudo às etapas finais do Ashtanga Yoga de Patânjali, ou a “Ioga de Oito Partes”, conformada na sua totalidade por:
1) Yamas – Restrições (ética passiva)
2) Nyamas – Prescrições (ética ativa)
3) Asanas - Posturas
4) Pranayamas - Controle consciente da respiração
5) Pratyahara – Abstração
6) Dharana - Concentração
7) Dhyana - Meditação
8) Samady – Identificação, Contemplação
As três útimas fases conformam o Samyama, o tríplice corolário da Yoga de Patânjali, configurando mais propriamente as etapas da meditação. Porém, tanto o Pranayama quanto o Pratyahara, também participam ativamente na meditação, fazendo uma transição e uma preparação para o controle mental. A postura também faz parte disto, embora se trata de uma postura mais ou menos fixa, assim como, é claro, as energias concentradas graças às atitudes éticas.
O Samady final às vezes é associado à iluminação, mas na verdade se trataria aqui antes de uma Identificação, que é a meta da yoga, vista como a busca da Identificação ou yug (raiz da palavra yoga), que significa sugjugar, controlar (a mente), donde a nossa expressão “jugo”. A palavra yoga significa “união” semelhante a religião, do latim religare, “religação”. Assim, a iluminação seria também a meta e a superação da religiosidade, tal como entendida habitualmente de salvação da alma, por exemplo.
Tema sutil e refinado, a iluminação (samadhi, nirvana) costuma ser interpretada e descrita de forma múltipla, existindo também na Yoga e no Budismo, classificações para as sucessivas “etapas da iluminação”.
A rigôr, contudo, a iluminação perfeita vai além da pacificação mental e é um corolário ulterior da yoga, técnica esta definida por Patânjali como yogascittavrttinirodhah, ou seja: "Ioga é a parada das modificações mentais". Não casualmente, quando trata das “técnicas” existentes além da terceira iniciação, Alice A. Bailey quase se reduz a mencionar as “variantes da identificação” (a identificação é, sabidamente, uma das bases da compaixão). A iluminação é o mundo além da mente, embora já use a mente de forma livre e criativa.
O plano búdico ou quaternário é chamado “Mar de Fogo”, um mundo auto-criado de energias divinas, que levou São Paulo a afirmar que “nosso Deus é um fogo consumidor” e Jesus a dizer que “o Pai tem a vida em si mesmo”. Para chegar este plano de glórias eternas, é preciso fazer a preparação do mental superior chamada “a travessia da terra ardente”. Aqui entra a fórmula rosacruz que afirma: “para teres acesso ao fogo, acende uma chama.”
Esta chama espiritual é Trina, porque a Mônada ou o Logos são sabidamente trinos, podendo suas energias ser qualificadas como Som, Luz e Amor. São energias relacionadas à Trindade e à Trimurti, e perspassam todos os planos de forma mais ou menos integrada. Para efeitos sugestivos, tratamos de formular as três fases da meditação completa nos seguintes termos (deixando o resto com a intuição do estudante):
Fase 1: Som, Amor e Luz.
Fase 2: Amor, Som e Luz.
Fase 3: Luz, Som e Amor.
Assim, o Som (que é o Pranava, ou o OM) é o princípio básico e mais material, característico da fase 1. Logo, surge a preponderância do Amor (que é Karuna, compaixão), na fase 2. Para tudo concluir no predomínio da Luz, na fase 3 de conclusão, quando deve existir uma perfeita integração e harmonia dos princípios, devidamente sinalizada. Embora não ainda a fusão destes três princípios, que é a iluminação em si, que acontecerá através do processo descrito como “ascensão de Kundalini”, cujos três Nadis ou correntes correspondem na sua essência e em termos práticos, a estes mesmos princípios harmonizados de Som, Amor e Luz.
* Da obra “Vivendo o Tempo das Profecias”, LAWS
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